Por Pamela Cuti
Ao contrário de muitas mulheres, a minha decisão de empreender foi por oportunidade. Já tinha um emprego formal e passei a trabalhar no meu projeto paralelo em todo o tempo livre que sobrava.
Em busca de qualificação e contatos, passei a participar de eventos de empreendedorismo. O meu choque veio logo no primeiro, em 2013. Eu sabia que haveria diferença no número de participantes homens e mulheres, mas não esperava que fosse tão gritante. Em meio a pouco mais de 50 participantes, éramos apenas 3 mulheres.
De lá para cá, sinto que muita coisa mudou. A participação feminina aumentou não só em eventos como também em posição de liderança nas empresas. Apesar dos avanços, aquela primeira impressão me marcou. Me senti deslocada, quase uma intrusa. Ficou claro para mim que eu estava entrando em um território restrito e que o caminho para que eu realizasse o meu sonho de ter um negócio próprio poderia não ser tão fácil.
Dados sobre o empreendedorismo feminino no Brasil.
O empreendedorismo feminino deu um salto nos últimos anos. Segundo dados da pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor, conduzida pelo Sebrae e divulgada no ano passado, o país tem aproximadamente 24 milhões de mulheres empreendedoras. 48% dos cadastros de MEI existentes no país é de mulheres. Ou seja, quase metade do total.
A proporção de negócios por necessidade é maior no grupo das mulheres em comparação ao dos homens. O desejo de uma nova fonte de renda e de independência financeira são os principais motivos que levam as mulheres a empreender.
O estudo também identificou que as mulheres dedicam menos tempo para o negócio em relação aos homens. Isso se deve ao fato de que ainda precisamos equilibrar o trabalho e as funções da casa e da família – o que ainda é visto como responsabilidade da mulher na grande maioria dos lares brasileiros.
Esse fator, somado ao fato de que as mulheres ganham menos do que os homens, pode contribuir diretamente para a baixa conversão de empreendedoras em donas de negócios, em média 40% menor que a dos homens.
Os desafios e o lado bom de empreender.
Verdade seja dita, ser empreendedora não é fácil. Além do esforço de fazer um negócio dar certo, muitas vezes precisamos lidar com a dificuldade de sermos, simplesmente, levadas à sério. O que não faltam por aí são olhares de condescendência e demonstrações de que não somos bem-vindas.
Mas eu não quero generalizar. Sinto que muitos empreendedores veem com mais clareza as disparidades entre homens e mulheres e atuam para reverter esse quadro. E também tive a sorte de, em vários momentos ao longo da minha trajetória, poder contar com colegas que não viam a busca por igualdade como uma ameaça ou um capricho (sim, já ouvi essa palavra algumas vezes).
Apesar dos obstáculos diários, empreender abre um mundo novo para quem se permite arriscar. Empreendedoras podem ter a oportunidade de trabalhar com algo que as satisfaça pessoal e profissionalmente, além de fortalecerem a economia e gerarem empregos. A rede de mulheres que empreendem é muito forte, e sinto que há um esforço constante para que todas possam se apoiar e crescer juntas.
Lugar de mulher é onde ela quiser.
Acho essa frase muito forte, mas nada simples. Em grande parte do tempo, o lugar que queremos ocupar é o mesmo que a sociedade insiste em dizer que não nos pertence.
Ainda há muito trabalho pela frente e muitas desconstruções a serem feitas até que todos percebam que as mulheres não buscam mais oportunidades que os homens. Nós buscamos as mesmas oportunidades que os homens. Se o sistema é igualitário, todo mundo sai ganhando.
Soa utópico, eu sei. Mas pode ser uma realidade ainda mais improvável se não falarmos sobre ela.
Sites voltados para o empreendedorismo feminino para você acompanhar:
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