A alimentação está diretamente ligada ao aumento de peso dos brasileiros. Mas até onde vai a responsabilidade do food service nessa equação?
Até pouco tempo atrás, a imagem dos Estados Unidos era a primeira a nos vir à cabeça quando o assunto era obesidade. O país, conhecido por suas redes de fast food, preocupava-se com os altos índices de obesidade enquanto essa realidade passava longe do Brasil. Agora, no entanto, não é preciso ir tão longe para presenciar um cenário preocupante.
Além do sedentarismo, os maus hábitos alimentares estão diretamente ligados ao crescimento da doença no Brasil. Refeições pré-prontas e ricas em gorduras acabam sendo as primeiras opções na hora de comer. E, além disso, a rotina corrida contribui para que as refeições sejam feitas com pressa e sem que haja uma escolha consciente dos alimentos. .
Em meio a esse cenário, surge o questionamento: qual é o papel social do food service na saúde dos brasileiros? Até onde vai a responsabilidade do setor? Confira abaixo:
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1 → Obesidade no Brasil
2 → Consciência alimentar: a saudabilidade como tendência
3 → O papel do food service
1 → Obesidade no Brasil
Nas últimas décadas, o crescimento do número de pessoas com sobrepeso e obesas deu um salto no país. Segundo pesquisa, realizada em 2018, da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), mais da metade da população brasileira tem excesso de peso, enquanto quase 20% é considerada obesa.
A pesquisa também mostra que outras doenças ligadas à má alimentação atingem parte da população. De acordo com o estudo, 7,7% da população adulta tem diabetes e 24,7% tem hipertensão.
Entre as crianças a situação também é preocupante: cerca de 12,7% dos meninos e 9,4% das meninas estão obesos. Como pediatras e nutricionistas apontam, são grandes as chances de uma criança obesa se tornar um adulto obeso.
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) a obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. A organização estima que cerca de 2,3 bilhões de adultos estarão com sobrepeso e mais de 700 milhões serão considerados obesos até 2025. Entre as crianças, o número pode chegar a 75 milhões se medidas de controle não forem tomadas.
2 → Consciência alimentar: a saudabilidade como tendência
O estudo Brasil Food Trends 2020, coordenado pela FIESP, apontou a saudabilidade como uma das tendências de alimentação da população brasileira. Este movimento olha com mais cuidado para a relação dos alimentos com a saúde, a fim de investir alternativas que promovam o bem-estar.
Mesmo que essa tendência não seja a mais forte no Brasil, já é possível perceber mudanças no setor de alimentação. A busca por alimentos saudáveis e ao mesmo tempo saborosos tornou-se cada vez maior nos últimos anos.
Segundo dados do Ibope, a população vegetariana cresceu 75% nos últimos 6 anos e impulsionou o setor no país. Apenas em São Paulo, houve um crescimento de 40% ao ano, desde 2016 no faturamento de lojas que atendem a este público.
Em cidades como Florianópolis, é possível perceber visualmente o aumento do número de lojas de alimentos naturais, orgânicos e funcionais. Com focos variados, elas suprem as necessidades dos nichos de consumidores que buscam um estilo de vida mais saudável.
Dentre os principais benefícios de uma alimentação consciente, podemos citar:
- Aumento da imunidade e prevenção de doenças;
- Combate a hipertensão e doenças crônicas ligadas ao excesso de peso;
- Ajuda a diminuir o estresse e a ansiedade;
- Melhora a qualidade do sono, a disposição e o humor.
3 →O papel social do food service
E como fica o food service? Redes que trabalham com alimentos processados ou ultraprocessados (aqueles que possuem um elevado número de ingredientes, muitos com nomes pouco familiares, como emulsificantes, corantes e aromatizantes) devem ser abolidas? Qual caminho é necessário tomar?
Essas são questões complexas. Não se pode acabar com uma cultura alimentar do dia para a noite, mas os negócios de food service não podem fechar seus olhos diante da responsabilidade social que o mercado tem.
Segundo a consultora especialista em food service, Carol Bortoleto, o setor vende saúde porque vende comida. “Mas a gente só vende saúde quando vende comida de verdade, sem tantos aditivos e componentes artificiais.”, explica.
Por outro lado ela comenta que houve muitos avanços no setor. Tendo a indústria repensado a questão da saúde dos consumidores, e atuando sobre os desafios de mudar uma cultura que vem de casa.
A boa notícia é que o tema tornou-se uma preocupação de todos, e alternativas saudáveis tem sido a escolha de muitos negócios, que além de atenderem a demanda de muitos consumidores, também ajudam no processo de mudança do setor como um todo.
Além disso, o mercado se mostra receptivo a essa nova configuração, que se baseia tanto pela tendência da saudabilidade quando pelas experiências diferenciadas (sensorialidade) e pela sustentabilidade e ética.
Um fato interessante, quando falamos de alimentação é que mesmo os eventos externos acabam influenciando na forma como comemos dentro ou fora de casa.
Neste contexto, Carol faz uma análise sobre como a pandemia já está mudando nossa relação com a comida:
“A pandemia resgatou a questão da ‘comida da vó’, da comida caseira, bem feita. Os restaurantes precisam ter esse cuidado na entrega, porque não vamos mais comprar qualquer comida para comer em casa. Pizzarias que trabalham com fermentação natural, por exemplo. Tem um custo mais elevado, mas é natural, não tem aditivos. As pessoas estão buscando isso, a questão de educação e conscientização já está acontecendo, e as novas gerações já estão vindo com essa ‘pegada’.”.
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