Números do food service no Brasil

Números do food service no Brasil

De uma projeção otimista a um cenário de crise: como a pandemia de Covid-19 alterou os números do food service no Brasil e o que é esperado para o movimento de retomada.


O foodservice brasileiro foi, sem dúvida, um dos mais afetados pelo isolamento social. Mesmo com alternativas que permitem aos clientes consumirem sem saírem de casa, o impacto foi inevitável.

Mudamos a forma como consumimos, como nos relacionamos com as outras pessoas e adotamos hábitos que não faziam parte da nossa rotina. O setor de alimentação precisou se adaptar rapidamente para garantir a segurança de todos os envolvidos, mas a verdade é que tudo é muito incerto.

Para nos ajudar a entender o cenário atual, conversamos com a Carol Bortoleto, consultora especialista em Food Service, que apontou as mudanças provocadas pela pandemia nas projeções para o setor e o que podemos esperar para o momento de retomada. Confira:


MENU DE NAVEGAÇÃO
1 → O mercado de food service em 2019
2 → Projeções para 2020
3 → Cenário da alimentação fora do lar durante a pandemia
 
3.1 → Números do delivery no interior do Brasil
4 → Expectativa pós-pandemia


1 → O mercado de food service em 2019

Depois de um período de baixa no setor, 2019 apresentou um cenário mais positivo para o food service brasileiro. Um ano de transição, que preparava o mercado para um cenário ainda mais positivo em 2020.

“O food service foi abalado por várias crises econômicas nos últimos anos – acho que a última mais grave foi a de 2014, na Copa do Mundo, quanto todo mundo achou que iria ganhar muito dinheiro e não ganhou.”, explica Carol. 

Ela detalha que mesmo na Olimpíada, com concentração no Rio de Janeiro, o consumo foi bem abaixo do esperado. Além disso, a troca de governo foi problemática para o setor. “Foi um período difícil, mas em 2019 o setor conseguiu ‘respirar’, entrar em uma pequena crescente, e a previsão para 2020 era de crescimento.”, aponta ela.

2 → Projeções para 2020

O primeiro semestre de 2020 pode ser dividido em dois momentos: antes e após a Covid-19. Janeiro e fevereiro foram dois meses de crescimento para o setor. A previsão para 2020 era de um crescimento real. Segundo o IFB – Instituto Foodservice Brasil, com um aumento de 4,8%, e com previsões positivas para os próximos 5 anos. Mas então veio a pandemia.

Além de inesperada, a crise, provocada pelo Covid-19, é algo diferente de tudo o que a nossa sociedade atual já lidou. As mudanças, portanto, têm um impacto ainda maior.

Carol defende que é difícil saber como as coisas vão se comportar daqui para frente. Algumas pesquisas apontam que entre 20 e 40% dos restaurantes podem fechar as portas. “É uma margem muito grande para uma pesquisa, mas é difícil dizer com precisão devido às particularidades de cada região e às incertezas sobre o avanço da pandemia.”, explica ela.

Em relação às perspectivas para o mercado de food service para 2020, Carol é direta: “A previsão é de uma queda total. Se antes a expectativa era de um aumento de 4,8%, agora a previsão é de uma queda de 20 a 25% no faturamento. Ou seja, fecharemos o ano no vermelho, com certeza. Vai ser muito difícil escapar disso.”.

3 → Cenário da alimentação fora do lar durante a pandemia

Com as políticas de isolamento vigorando na grande maioria das cidades brasileiras, os restaurantes precisaram interromper o atendimento de balcão, o que fez com que as receitas despencassem. Segundo Carol, “em abril, os restaurantes faturaram uma média de 15% a 30% do que é esperado para o período.”.

Como a conta não fechava, a busca dos empreendedores passou a ser por alternativas que os permitissem manter suas operações. O delivery foi a solução mais buscada, uma vez que o modelo ganha cada vez mais adeptos, mas cada negócio tem suas particularidades.

“Os deliverys foram organizados a toque de caixa.”, explica Carol e completa: “isso para os que têm possibilidade de delivery, já que alguns produtos não viajam. E quando a sua base é um cardápio que não viaja, você precisa repensar os seus pratos e aí já é uma outra estratégia. É um negócio dentro do seu negócio.”.


A maioria das empresas de food fecha em até dois anos justamente por falta de planejamento, e com a pandemia isso ficou bem claro. Muitas empresas de food não tinham caixa para se sustentarem por mais de 17 dias sem operação, e isso é muito preocupante. É preciso entender que abrir um negócio de food não é tão simples quanto se imagina e que ele deve ser enxergado, realmente, como um negócio

Carol Bortoleto, consultora especialista em food service

3.1 → Números do delivery no interior do Brasil durante a quarentena

De acordo com o IFB – Instituto Foodservice Brasil – o delivery cresceu 23% em 2019, com projeções de manter o número em 2020. 

Após 45 dias de isolamento social é possível avaliarmos os primeiros impactos da pandemia no setor de delivery no interior do Brasil*.

Durante a quarentena percebeu-se o crescimento exponencial de usuários nos apps de delivery. Porém, mesmo com o isolamento, o movimento não foi acompanhado pelo número de novas lojas nos apps. 

Entre os motivos da baixa adesão inicial estão a falta de preparo de alguns negócios, como não ter um computador para iniciar a operação de delivery e uma ação reativa ao problema.


01/02 – 15/03*
pré-isolamento
16/03 a 30/04
Isolamento
Pedidos1,15%47%
Novos usuários1%155%
Lojas4%29%
Ticket Médio1%3,95%
GMV4%53%

*crescimento em % em relação ao período de 15/12/2019 a 31/01/2020

Para construir este estudo foram analisados mais de 2 milhões de usuários de apps de delivery em mais de 200 cidades do interior do Brasil.

4 → Expectativa pós-pandemia

O que esperar da economia e do mercado de food service depois que a pandemia for superada? Carol explica que a chave é entender o consumidor.

“Precisamos entender o que ele vai querer daqui para frente. A situação de agora vai além de uma crise econômica: temos uma ‘guerra biológica’ contra algo que a gente não vê nem tem noção de como funciona.”.

A especialista também acredita em uma reabertura gradativa dos estabelecimentos para convivência social. Mesmo que os brasileiros sejam culturalmente sociáveis, a aproximação pode ser um processo lento.

Ela detalha haver atualmente três perfis de consumidores: 

  • aqueles que não veem a hora de abrir o bar para reunir os amigos (33%);
  • aqueles que voltariam a frequentar os lugares se forem seguidas medidas de segurança (52%); 
  • aqueles que nunca mais vão sair de casa porque têm medo e, quando muito, vão consumir por delivery (5%)”.

O delivery, inclusive, é uma solução que Carol considera importante para este momento de retomada.

“Eu acho que o delivery vai dar uma estabilizada, mas ainda vai ser uma fonte de receita expressiva para estabelecimentos. Quem ainda não tinha delivery vai precisar se reinventar para oferecer o serviço de alguma maneira. Seja com um cardápio diferenciado, um produto novo, uma marca nova, algo nessa linha.”.

Por fim, Carol destaca a importância das pequenas empresas investirem em capacitação. Para atravessar uma crise e planejar os próximos passos, é preciso conhecer o negócio e saber tomar decisões estratégicas.

“As pequenas empresas precisam se profissionalizar e ter um plano de negócios. É preciso entender sobre custos, formação de preços, embalagens e sobre o cliente também. Eu entendo que isso demanda tempo, é complicado, mas essa busca por desenvolvimento é necessária.”, finaliza.


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